Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos. Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre vós e para com todos. (1 Ts 5.14-15)
Em nossos dias muitos falam sobre saúde emocional, acolhimento e restauração. Em meio a esse cenário, é essencial lembrarmos que a Igreja de Cristo, desde os seus primórdios, foi chamada a ser mais do que um espaço de culto ou reuniões sociais: ela é uma comunidade terapêutica.
Para entendermos melhor, precisamos nos lembrar que o termo “terapêutico” vem do grego therapeúō (θεραπεύω), que aparece frequentemente no Novo Testamento e significa curar, servir ou cuidar de alguém com atenção e constância. É usado, por exemplo, para descrever o que Jesus fazia com os enfermos (Mt 4.24), mas não se limitava apenas ao aspecto físico: tratava-se também de uma restauração integral, que alcançava a alma, a mente e o coração.
É então dentro dessa perspectiva que podemos compreender com mais clareza o texto de 1 Tessalonicenses 5.14-15: o Apóstolo Paulo convoca os crentes a admoestar os insubmissos, consolar os desanimados, amparar os fracos e ser longânimos para com todos. Mas perceba meu irmão que essa não é apenas uma ética de convivência é um chamado ao ministério da cura mútua. Cada imperativo proposto aqui pelo apóstolo é um gesto de “therapeía”, de serviço amoroso que visa restaurar o outro na caminhada cristã. Mas o grande mistério aqui é que, na igreja, os doentes cuidam dos doentes. Todos nós somos enfermos em nossas falhas e pecados, mas somos chamados ao cuidado mútuo, alternando entre sermos cuidados e cuidarmos uns dos outros.
A igreja, portanto, é um hospital da graça. Não um hospital onde se esconde a dor, mas onde ela pode ser acolhida e tratada. É o lugar onde os cansados encontram consolo, os caídos encontram mãos estendidas, e os desanimados, palavras de ânimo e esperança. É então na comunhão dos santos que experimentamos a graça de Cristo operando de maneira tangível, através do cuidado mútuo.
Todavia, essa “terapia cristã” não acontece por técnicas humanas, mas pela ação do Espírito Santo, que habita em cada crente. Fomos todos tratados por Cristo, o Médico das nossas almas. Foi Ele que primeiro nos admoestou, nos consolou, nos levantou, e nos amou com paciência eterna. Agora, como corpo de Cristo, somos chamados a ser instrumentos dessa mesma cura.
Não se trata de termos todas as respostas, mas de estarmos dispostos a ouvir, orar, suportar e amar com longanimidade. A igreja não é perfeita, mas é o lugar onde a restauração é possível, porque Cristo está presente e operante entre nós. Que sejamos, então, uma igreja que cura. Uma comunidade terapêutica não pela ausência de problemas, mas pela presença real de Jesus, o nosso terapeuta, que continua a tratar, restaurar e transformar corações por meio de seu povo