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SEPULCROS CAIADOS

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! (Mateus 23.27–28)

 

Segundo o Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil registrou o maior número de evangélicos e o menor número de católicos da história. Em termos absolutos, o número de católicos romanos passou de 105,4 milhões em 2010 para 100,2 milhões em 2022, enquanto o de evangélicos aumentou de 35 milhões para 47,4 milhões.
À primeira vista, isso poderia ser motivo de grande alegria e comemoração, afinal, nossa nação parece estar se tornando cada vez mais evangélica. Todavia, outros números chamam a atenção. O número de casamentos registrados no Brasil em 2023 foi de 940,8 mil, representando uma queda de 3% em relação a 2022. Ao mesmo tempo, o número de divórcios em 2023 chegou a 440,8 mil — um aumento de 4,9% em comparação com o ano anterior. Além disso, segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada este ano, 58% dos brasileiros percebem um aumento na criminalidade. Por fim, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2024 o Brasil alcançou a marca histórica de 38.777 homicídios, o que equivale a 17,8 assassinatos para cada 100 mil habitantes, uma das mais altas taxas de homicídios intencionais do mundo.
Com isso, não posso deixar de fazer as seguintes perguntas: que diferença realmente temos feito na sociedade? Que tipo de crentes estamos formando?
É claro que o papel da Igreja não é apenas social. Não somos uma ONG destinada à caridade, nem um agente do governo voltado ao cuidado dos desfavorecidos. No entanto, não podemos negar que o evangelho nos ensina o amor e o cuidado ao próximo, tanto aos de dentro, aqueles que pertencem à Igreja, quanto aos que estão de fora. Perceba que o texto que abordamos hoje nos ajuda a responder essas perguntas. Jesus está sendo profundamente confrontador com os fariseus de seu tempo, questionando-os a respeito de seus frutos.
No contexto, a Páscoa já estava próxima. Isso significava que os peregrinos, ao entrarem em Jerusalém vindos de diversas regiões, notavam nas proximidades da cidade muitos sepulcros caiados. Algumas semanas antes, os túmulos haviam sido pintados com cal para parecerem impecavelmente limpos, belos e elegantes aos olhos. Dessa forma, tornavam-se mais visíveis, a fim de que nenhum peregrino se tornasse cerimonialmente “imundo” ao entrar inadvertidamente em contato com um cadáver ou com algum osso humano.
Contudo, por dentro, esses túmulos estavam cheios de ossos de pessoas mortas e de toda espécie de impureza e sujeira. Jesus então declara: “Assim também vós, exteriormente, pareceis justos aos olhos do povo, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e iniquidade.” Aqueles homens se vangloriavam de sua suposta bondade e superioridade espiritual, mas seus desígnios homicidas contra os que os advertiam demonstravam que eram exatamente o oposto do que aparentavam ser. Será que não estamos sendo exatamente o oposto do que aparentamos?
Temos igrejas belíssimas, crentes com as melhores vestimentas e os jargões mais refinados, mas os números parecem indicar que grande parte dos evangélicos em nosso país são apenas sepulcros caiados.
Meus irmãos, meu desejo com esta pastoral é que ela sirva para chamar sua atenção ao que verdadeiramente importa. Em vez de se ocupar com as aparências e com as pequenas coisas exteriores, preocupe-se com o que está dentro do coração.
Quais têm sido os seus frutos? Quantas pessoas você tem conduzido a Cristo nos últimos anos? O evangelho tem transformado a sua vida, a sua família? As pessoas próximas a você percebem que há algo diferente em sua conduta? Vivamos o verdadeiro evangelho e abandonemos a mera aparência de piedade.

 

                                                                                                                                                                                                                                     Pr. Matheus Brezolim.