Como deve ser o culto? Essa talvez é uma pergunta muito pertinente para os nossos dias, considerando uma
variedade estonteante de abordagens e estilos de culto, não apenas nas igrejas em diferentes lugares do país, mas
também até mesmo em igrejas da mesma denominação, como é o nosso caso.
Quando o apóstolo Paulo em 1ª Co. 9.19-23 fala da adaptação a várias culturas e de tornar-se “tudo para com todos”,
para de todos os meios vir a salvar alguns, essa é de maneira nenhuma uma receita para o relativismo. Paulo está nos
lembrando que todas as culturas têm muitas coisas que não contradizem diretamente as Escrituras, e, portanto, não
são proibidas nem ordenadas.
O Princípio Regulador do Culto, do qual somos signatários, defende que não devemos fazer nada no culto público sem
que haja algum respaldo bíblico. Mas, ele faz uma referência aos elementos do culto, por exemplo, pregação, leitura da
bíblia, cânticos, orações, batismo, ceia, ofertas, e as circunstâncias, mas, as maneiras em que praticamos os elementos
do culto não são definidas. A Bíblia não prescreve e nem mesmo trata de inúmeras considerações práticas. Ela não
estabelece o nível de formalidade, nem o grau de previsibilidade do culto, não rege a duração do culto nem o tempo
reservado a cada parte, os tipos de harmonia, ritmo ou instrumento musical, o nível de expressão emocional e
tampouco a ordem do culto.
Sendo assim, a Bíblia concede certa liberdade quanto aos muitos assuntos práticos relacionados ao culto. É fácil usar
argumentos teológicos para racionalizar nossos gostos e preferências pessoais. Portanto, precisamos ter muito
cuidado para não sacralizar nossos estilos que sempre estarão carregados com nossos gostos e preferências.
Porque somos reformados, não podemos achar que quem não é reformado nem crente é, isso é uma impiedade. Se
achamos que nossa teologia é a única coisa válida no universo da cristandade, estamos agindo de forma soberba.
Não podemos confundir Teologia, liturgia, estética, arte e metodologia, porque todas essas coisas precisam ser
realidades que a gente reverentemente interpreta a partir das Escrituras. Não podemos misturar essas coisas. Por
exemplo: levantar a mão é expressão litúrgica e não teologia. A posição do piano, das mesas e cadeiras do púlpito, é
estética, se o púlpito tem de ser de maneira ou de vidro ou de acrílico, isso é estética e não teologia e assim por diante.
O momento dos dízimos e ofertas, ou da ministração da ceia, é metodologia e assim vamos seguindo essas coisas sem
mudar a essência e aquilo que é central no culto.
James Bannermam, pastor reformado do século 19 afirma que “os cristãos em todo lugar do globo terrestre, que
adoram a Deus em sinceridade e em verdade, formam uma unidade, e todos eles precisam ser considerados um
ramo da Igreja de Cristo em todo o mundo e o elo de ligação entre os seus membros é uma profissão pública comum
a todos e um relacionamento exterior com Cristo. Ela é formada de todos os cristãos, que professando de forma visível
a fé em Cristo, fazem parte, por meio dessa profissão, de um corpo coletivo e se encontram em um relacionamento
pactual exterior com Cristo”, ou seja, não somos apenas nós presbiterianos que estamos certos, principalmente nas
questões litúrgicas, nossos irmãos em Cristo de outras denominações fieis à Palavra de Deus também adoram e
cultuam a Deus com fidelidade independente dos seus estilos.
Portanto, nosso culto precisa de algumas coisas que julgo importantes e apontadas pelo pastor Tim Keller:
1. Um culto em que tenhamos pessoas não crentes. Um culto com cunho evangelístico.
2. O louvor deve ser compreensível aos não cristãos.
3. O culto precisa ser compreensível aos visitantes com pregação numa linguagem compreensível.
4. Uma pregação cheia da graça e da misericórdia de Deus.
5. Aplicar a Palavra de tal forma que as pessoas sejam levadas a um comprometimento com Cristo.
Que sejamos uma Igreja alegre, bíblica, com um culto inspirador, que coloque as pessoas em contato o Senhor Jesus
vivo e exaltado no meio da Igreja, um culto que inspire as pessoas a andarem mais e com o Salvador.
Vamos em frente com a graça de Deus. Ore pela sua Igreja, ao chegar na Igreja, ore pelo culto, pelo louvor, pela
pregação e pelo pregador. Ore para que tenhamos conversões e que sejamos uma porta de salvação em nossa
cidade.
Pr. Izaias Moreira da Cunha