As mulheres na família
O Dia Internacional da Mulher é comemorado no mundo todo como uma referência às lutas por melhores condições de vida e de trabalho, igualdade salarial, resistência ao machismo e à violência e, dentre outras coisas, ao engajamento político das mulheres. Todas essas questões são importantes e legítimas, e por conta disso estimulam os discursos, as reflexões, as marchas, os presentes e flores em um dia que o mundo marcou para celebrar as mulheres, mas quero convidar você a refletir sobre o necessário engajamento familiar das mulheres.
Lucas 15:8-9 nos apresenta uma narrativa preciosa sobre o comportamento de uma mulher do século I diante da perda de um item de valor, seu resgate e a reunião de celebração pelo achado: “Ou, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende uma candeia, varre a casa e procura atentamente, até encontrá-la? E quando a encontra, reúne suas amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha moeda perdida”. É bem verdade que Lucas 15 discorre sobre uma ovelha perdida, uma moeda perdida e um filho perdido para apresentar a alegria de Deus em relação aos perdidos que se achegam a Ele. As três parábolas juntas são uma resposta de Jesus aos fariseus e doutores da Lei que o acusaram de receber e comer com pecadores (Lucas 15:2), mas o comportamento da mulher, de uma forma especial, nos permite refletir sobre o esforço de procurar, encontrar e reaver dentro do próprio lar elementos de valor que se perderam.
Enquanto o Dia Internacional da Mulher enfatiza, na maioria das vezes, apenas lutas e conquistas de elementos externos (trabalho, salário, igualdade, atuação política, fim da misoginia, etc.) – que são legítimos, como já mencionei anteriormente – como mulheres cristãs precisamos considerar que esse texto nos convida a pensar em lutas e reconquistas necessárias dentro do nosso próprio lar. As narrativas bíblicas mostram que cada moeda de prata, naquela época, equivalia a um dia de trabalho, e para uma pessoa pobre, essa era uma perda significativa. No entanto, de acordo com alguns comentaristas bíblicos no Oriente Médio tais moedas faziam parte do dote da mulher, e assim, normalmente era fixada em uma faixa usada em sua cabeça, pois simbolizavam os direitos pessoais e a independência da mulher.
Essas moedas que recebiam furos para serem penduradas por um cordão faziam parte dos seus presentes e dote, e provavelmente a mulher da parábola de Jesus ficou muito aborrecida, pois o valor não era apenas o preço da prata, mas o significado daquele presente, o simbolismo da moeda. Porque a mulher ficou tão perturbada? O Comentário Cultural do Novo Testamento (Richardson, 2009, p. 174) nos ajuda nessa resposta: “Porque levar o seu dote para o casamento simbolizava sua parceria no relacionamento, distinguindo-a de uma escrava ou serva, e dando-lhe a dignidade de uma personalidade de que ela desfrutava além de sua identidade como esposa de seu marido”.
Hoje não usamos moedas presas nas tiaras em nossas cabeças, mas como mulheres continuamos em relacionamentos de parceria no casamento, temos papeis estabelecidos por Deus como esposas, mães, membros do corpo de Cristo. Que “moedas” podemos ter perdido e precisamos busca-las? Essa é uma luta que realmente vale a pena travar, vale a pena se engajar para resgatar os valores, os itens preciosos, que por ventura foram perdidos em nossa família.
Que nesse dia internacional da mulher você lute, acima de tudo, pela dracma perdida em seu lar! A mulher na família, agindo segundo o coração de Deus, é um instrumento dEle para abençoar seu marido (Pv 12:4), edificar a casa (Pv 14:1) e manter no seio da família sabedoria, confiança, riqueza, trabalho produtivo, respeito, virtude e temor ao Senhor (Pv 31:1-10).
Rosenery Loureiro Lourenço – Ministério de Casais