E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. (Lucas 2:7)
Pensando que, neste domingo, participaremos da Ceia do Senhor, gostaria de falar sobre a humilhação e a exaltação do nosso Senhor Jesus Cristo, e quais são as aplicações dessa doutrina para nós, enquanto igreja.
O primeiro estado da humilhação de Cristo é a sua encarnação. Jesus Cristo, sendo o próprio Deus, assumiu forma humana, submetendo-se às leis e à cultura de seu tempo, bem como às lideranças políticas e religiosas da época. O evangelista Lucas, ao relatar o nascimento de Jesus (o texto base de nossa reflexão) mostra que o Rei soberano de todo o universo nasceu de uma mulher, em uma terra sem prestígio ou glória, assumindo a forma de um frágil bebê. O Deus Yahweh, por amor, decidiu humilhar-se ao ponto de se fazer frágil e indefeso. Junto a isso, foi posto em uma simples e delicada manjedoura.
Certamente, esse contraste de realidades é, no mínimo, impactante. A Bíblia nos mostra que o Deus de Israel, o Deus que governa todo o universo, que é dono e Senhor sobre todas as coisas, assumiu a forma de uma criança, colocando-se em uma posição de dependência de Maria, sua mãe. Dito isso, parece claro que a encarnação de Cristo, já evidenciada no relato do seu nascimento, é o primeiro momento de sua humilhação, tendo em vista que ninguém que já nasceu nesta terra veio de um lugar tão alto ou de uma posição tão elevada quanto Jesus.
Todavia, note que essa realidade não é apenas teológica, mas profundamente prática. A humilhação de Cristo nos ensina que a verdadeira grandeza não está na exaltação, mas no serviço. O Filho de Deus não exigiu privilégios ao vir ao mundo, ao contrário, escolheu nascer entre os pobres, viver entre os comuns e morrer entre os pecadores. Ele não buscou conforto, reconhecimento ou prestígio, mas obediência ao Pai e a salvação de seu povo. Vimos um pouco sobre isso em nossa última lição na classe dos adultos da Escola Dominical, a beleza da humilhação e da submissão. Essa lição é essencial para cada um de nós, especialmente porque, em nosso tempo, muitos têm buscado apenas projeção, status ou recompensas visíveis no serviço cristão.
Mas tenhamos em mente que Cristo é o maior exemplo. Se o nosso Senhor entrou no mundo em um estábulo, foi colocado em uma manjedoura e viveu como servo, quem somos nós para exigir tratamento melhor? Se o Senhor Jesus Cristo se humilhou por amor, nós também somos chamados à humildade e ao serviço sacrificial. Isso significa que, na comunidade cristã, não há espaço para vaidade, competição ou glória pessoal. Somos chamados a seguir os passos daquele que, mesmo sendo Deus, “a si mesmo se esvaziou” (Fp 2.7), colocando-se não acima, mas ao lado, e até abaixo, para levantar os fracos, tocar os impuros e dar vida aos perdidos.
Portanto, irmãos, que a cena do Deus-Menino na manjedoura nos confronte e nos conduza ao arrependimento. Que nos lembre de que o caminho da cruz começa na humildade da encarnação. E que a nossa amada igreja esteja sempre com os olhos atentos ao exemplo do seu Salvador, escolhendo o caminho do serviço, da simplicidade e da entrega, sabendo que, no Reino de Deus, o menor é o maior, e o servo é o mais honrado.