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O DEUS QUE SE REVELA

Salmo 19

O Salmo 19 é um dos mais conhecidos e preciosos salmos das Sagradas Escrituras. Isso porque, do ponto de vista da teologia reformada, ele nos apresenta aquilo que conhecemos como revelação geral e especial de Deus. Cremos que o nosso Deus é um ser pessoal que se revela a nós; Ele não permanece escondido ou distante, mas fala conosco de duas maneiras: por meio da criação e por meio da Sua Palavra.


Primeiro, a criação é um testemunho constante da glória de Deus. Os céus, o sol, o curso dos dias e das noites são como um sermão silencioso, porém claro, que ecoa em todos os lugares e a todos os povos. A beleza, a ordem e a grandeza do universo nos conduzem a reconhecer que existe um Criador sábio, poderoso, eterno e fiel. Por isso, ninguém pode alegar ignorância quanto à existência de Deus. O salmista deixa isso claro nos versos de 1 a 6: ele demonstra que, na perfeição e beleza da criação, é possível ver a Deus. É como quando analisamos uma obra de arte e, pelos traços de sua pintura, podemos saber quem é o autor e de qual movimento artístico ele deriva.


Mas Davi vai além e nos lembra de que a revelação mais clara e transformadora está na alavra de Deus. Por mais que a revelação geral nos mostre que existe um Deus, por causa do nosso pecado não conseguimos conhecê-lo plenamente. Vejamos o que Paulo escreveu aos Romanos: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-selhes o coração insensato. (Romanos 1.20–21).


Perceba que a revelação geral não é suficiente para a salvação, ela apenas nos torna indesculpáveis diante de Deus, porque O vemos em Sua criação, mas não O adoramos como Deus. Por isso, faz-se necessária a revelação especial de Deus. A Escritura é perfeita e restaura a alma, é fiel e nos dá sabedoria, é pura e ilumina os olhos. Ao contrário da criação, que apenas aponta para o Criador, a Palavra nos mostra quem Ele é e como podemos conhecê-Lo. Ela é mais preciosa que o ouro e mais doce que o mel, pois traz verdadeira alegria, esperança e vida para aqueles que a guardam (Salmo 19.8-10). É por meio da revelação especial que os nossos olhos são abertos para contemplarmos a criação e, finalmente, adorarmos a Deus por
todas as Suas obras.


Diante disso, este salmo nos chama a três respostas práticas:

Contemplar a criação com olhos espirituais – Não olhe para o mundo ao seu redor como fruto do acaso. Cada nascer do sol e cada noite estrelada são lembretes da fidelidade do Criador. Louve a Deus ao contemplar a Sua obra. Através das Escrituras nossos olhos foram abertos e agora podemos louvar a Deus pela sua criação.Valorizar a Palavra de Deus acima de tudo – A Bíblia não é apenas mais um livro, mas a revelação perfeita do Senhor. Ela deve ocupar o centro de nossa vida, sendo lida, meditada e obedecida diariamente. Lembre-se, meu irmão: a Bíblia é a Palavra viva e inerrante do nosso Deus. Se queremos verdadeiramente conhecer o nosso Senhor, precisamos investir tempo lendo a Sua Palavra.
Responder em fé e obediência – A criação nos aponta para Deus, e a Palavra nos mostra como viver diante Dele. Não basta admirar a beleza do universo ou conhecer os textos bíblicos. Somos chamados a confiar em Cristo, obedecer à Sua vontade e viver para a glória de Deus.
Que o Senhor abra os nossos olhos para enxergarmos a Sua glória na criação, os nossos ouvidos para ouvirmos a Sua voz na Escritura, e os nossos corações para vivermos em adoração.


Pr. Matheus Brezolim.