“O que você diz pelo presente da titia?”, orienta a mãe. ‘Obrigada, titia!’ Satisfeita, a mãe finaliza: “Muito bem, filhinha”. Desde pequenos somos ensinados e lembrados constantemente de que devemos reconhecer e agradecer os presentes recebidos. Parece que sofremos de um problema de percepção, insensibilidade, distração ou esquecimento. Mesmo adultos, continuamos necessitando ser lembrados e relembrados aos modos da boa educação. Isso é mais forte ainda em nosso relacionamento com Deus. No contexto do Salmo, bendizer é dizer bem de Deus. É louvar, glorificar, agradecer. Bendizer é dizer da bênção, do bem recebido, percebido, desfrutado, experimentado. No Antigo Testamento é uma palavra usada como expressão de reconhecimento e gratidão. E é isto que o salmista está lembrando, instruindo e ordenando a si mesmo: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR!”
Judeus devotos desenvolveram um hábito de relacionar e repetir pelo menos cem bênçãos por dia. Ao memorizar e recitar todos os dias, espera-se que tenham suas consciências encharcadas da presença generosa de Deus nas coisas mais comuns da vida. Pequenas coisas revelam em si um grande Deus. O Senhor se propôs ao papel de criar todas as coisas e nos beneficiar com sua criação. A nós cabe o papel de bendizê-lo por tudo.
Deus não tem problema de autoestima para precisar receber louvores. Não precisamos elogiá-lo para que Ele se sinta bem. Ele é Deus, e ponto! Quando o bendizemos, estamos dando o crédito onde o crédito é devido. Bendizer é, portanto, um ato de coerência e consciência.
Bendizer faz bem para a saúde. Como se isso não bastasse, bendizer faz bem a nós! Cientistas tem descoberto que a gratidão é o traço emocional com maiores possibilidades de favorecer a saúde física e a recuperação de um doente. “Um coração agradecido tem a possibilidade de ser um coração saudável”, concluiu o pesquisador Robert A. Emmons depois de estudar o efeito da gratidão na superação do Stresse e da hipertensão. Seus estudos comprovaram que o ato de agradecer melhora o sono, diminui a ansiedade e a depressão.
Se bendizer faz bem, deixar de bendizer faz muito mal. Em certa ocasião (2 Cr. 32.24-29), o rei Ezequias, mesmo tendo sido profundamente abençoado pelo Senhor, “não correspondeu aos benefícios que lhe foram feitos” deixando seu coração se exaltar. A consequência foi que adoeceu mortalmente. Não tinha seguido a orientação da Palavra de que não deveria deixar seu coração se elevar achando que foi pela sua força e poder do seu braço que teve suas conquistas na vida, esquecendo-se de que é o Senhor que dá forças para adquirir riquezas (Dt. 8.11-18). Quando, porém, “Ezequias se humilhou por se ter exaltado seu coração”, voltou a ter saúde plena e ainda realizou muitas obras na força do Senhor.
Segundo o salmo 103, o que fazer então? Bendizer a Deus (v. 1). Quem deve bendizer? Todos e tudo. Que eu bendiga (v. 1, 2), que vocês bendigam (20-22). Como bendizer? Com tudo o que há em mim (v. 1). Por que bendizer? Por todos os seus benefícios (v. 2), pelas bênçãos pessoais (v. 3-5) e pelas coletivas (v. 6-19). Onde bendizer? Em todos os lugares (v. 22).
Comece com palavras simples. Aliás, que tal fazer o exercício de escrever no papel pelo menos cem bênçãos? Ao desenvolver esse hábito, prepare-se para os efeitos poderosos de conjugar o verbo bendizer ao Senhor.